segunda-feira, 17 de agosto de 2009

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Na crise, preço de seguro de carros subiu 11%

Data: 17.08.2009 - Fonte: O Globo Economia RJ



Apesar da crise global, que deu o tom do comportamento da economia no primeiro semestre, o preço médio dos seguros de automóveis subiu cerca de 11% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Entre as justificativas das seguradoras, está o aumento de sinistros, especialmente furtos e roubos. Mas a queda da taxa básica de juros Selic, fixada pelo Banco Central, também afetou o mercado: boa parte das reservas técnicas das seguradoras, usadas para cobrir as despesas, está aplicada em títulos do tesouro e renda fixa, remunerados pela Selic.

Segundo especialistas, para compensar a perda de ganhos com aplicações financeiras, as empresas de seguros já reajustaram e terão que elevar os preços ainda mais. Dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão que regula o setor, mostram que o valor total pago por consumidores pelos seguros subiu de R$ 7,247 bilhões entre janeiro e julho de 2008 para R$ 8,045 bilhões neste ano. Os gastos das empresas com sinistros (acionamento do seguro), por sua vez, passaram de R$ 4,890 bilhões para R$ 5,396 bilhões na mesma comparação.

Até o fim do ano, preços podem subir mais 10% a 15% O diretor da Fenseg, que representa as empresas do mercado de seguros gerais, Neival Rodrigues Freitas, confirma que a maior parte do aumento dos valores do seguro em 2009 foi mesmo fruto dos sinistros. Nos cálculos da Fenaseg, as seguradoras devolvem de 65% a 70% do que recebem em prêmios (pagamentos mensais feitos pelos consumidores) com as indenizações.

Mas houve uma parcela que já pode ser atribuída à queda da Selic: - O setor ainda pode ter alguns ajustes pontuais de preços porque houve uma redução da Selic no mês passado. É óbvio que, no momento em que a seguradora identifica que esse efeito será prolongado, ela vai adotar medidas de racionalização de custos, tentando buscar uma compensação.

Ele explica que os preços são compostos pelos seguintes fatores: tipo de automóvel, perfil do segurado (idade, endereço, se tem garagem ou não) despesa de comercialização (remuneração do corretor), despesa administrativa, que engloba lucro e gestão das carteiras, e receita financeira com aplicações das reservas técnicas.

- Para trabalhar em equilíbrio, as seguradoras fazem uma provisão financeira, para garantir que terão recursos para cobrir as despesas dos sinistros.

Se um desses aspectos tiver comportamento desfavorável, e se os pagamentos e indenizações forem superiores às provisões, haverá um aumento de preços que irá afetar os novos contratos.

O presidente do Sindicato dos Corretores do Rio (Sincor), Henrique Brandão, diz que as empresas terão que aprender a lidar com taxa de juros mais baixas: - As empresas terão que repensar seus custos. As mudanças na Selic afetam tanto o consumidor quanto a seguradora e o corretor. Até dezembro, é possível que os preços aumentem, pelo menos, mais 10% a 15%.

Para o sócio da Correcta Corretora Gustavo Cunha Mello, a redução do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados - que resultou no aumento das vendas de automóveis, acabou colaborando indiretamente para o aumento dos preços.

- A maior parcela do reajuste pode ser atribuída aos sinistros. Mas as peças de reposição também subiram de preço, deixando consertos mais caros. Isso ocorreu em função do aumento na demanda por esses serviços, após a redução do IPI - diz.

Pesquisa mostrou diferenças de preços de 15% Henrique Brandão, do Sincor, acrescenta que algumas empresas aproveitaram para compensar as reduções de preços feitas quando o mercado ficou paralisado, no auge da crise em 2008.

- Elas fizeram um congelamento de preços para aumentar a competição no ano passado. Agora, com o aumento dos sinistros e a queda da recuperação de automóveis roubados, elas notaram que seus preços estavam muito baixos e reajustaram - diz.

Para o diretor da Susep, que regula o mercado de seguros, Alexandre Penner, as empresas farão de tudo para não reajustar ainda mais. Segundo ele, a competição neste mercado é acirrada. Atualmente, apenas 30% da frota nacional tem seguro, e as empresas disputam os outros 70%.

- De fato, boa parte do resultado das empresas atualmente vem dos investimentos financeiros.

O mercado terá que trabalhar mais para melhorar seu resultado operacional - diz.

O publicitário Sergio Bandeira trocou um Renault por um Citroën Picasso. Antes de decidirse pela seguradora, encomendou uma ampla pesquisa.

- Eu estava há anos em uma empresa e passei para outra que me deu condições melhores de estacionamento e um carro emprestado em caso de avaria. E ainda era 15% mais barata.

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